Buda (á direita) ensinando a Verdade ao Brahma Baka (esquerda),
que estava sob a ilusão de que é supremo no mundo.
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Esta é uma
ilusão que não está de acordo com o ensinamento de Shakyamuni. De fato, o Buda
negou claramente a existência de um ser supremo que criou o mundo, governa o
mundo e um dia julgará o mundo. Neste artigo e em outros que virão em seguida,
não tenho a intenção de entrar em nenhum debate ou polêmica com seguidores de
outras religiões sobre a existência ou não existência de um Ser Supremo, quero
apenas provar que o Buda Shakyamuni claramente negou esta questão,
considerando-a como uma ilusão falsa e perigosa. Para
mim, a coisa mais importante não é o que as religiões monoteístas dizem, ou se
alguns preferem crer em um Deus Criador (é escolha de cada um), mas sim o que
disse o Buda. Então, se nos consideramos
discipulos de Buda, devemos entender sua posição sobre este assunto e segui-la
com fé.
É conhecido que
em muitas religiões e tradições filosóficas contemporâneas ao Buda, a idéia de
um Ser Supremo que criou o mundo e o sustenta era compartilhada por muitos. Foi
exatamente por isso que ele não manteve o silêncio, mas pregou contra esta
visão.
Na Narrativa
Sobre o Convite do Brahma (Brahmanimantanika Sutra)[1],
Buda conta a história de sua visita ao mundo celestial de uma deus poderoso
chamado Baka Brahma, com o intuito de convencê-lo a renunciar sua visão
distorcida sobre si mesmo e seu reino:
“Bhikkhus[2], certa vez eu estava á
sombra de uma árvore real no Bosque de Subhaga em Ukattha. Naquele tempo, uma
ideia havia surgido na mente do Brahma Baka:
‘Este reino
é permanente; é sem fim, eterno; isto é tudo [completo em si mesmo]; não está
sujeito a perecer, nunca nasce nem morre (dos céus), não renasce; e também, não
há nada para além disso.’
Com a minha
mente eu soube o que o Brahma Baka pensava, e assim como um homem forte flexiona o seu braço
estendido, eu desapareci da sombra da árvore sala real no Bosque de Subhaga em
Ukkattha e apareci no mundo de Brahma.
O Brahma Baka
me viu à distância e disse:
‘Bem vindo,
estimado senhor! Isto é permanente, não tem fim, é eterno, isto é tudo, isto
não está sujeito a perecer; não nasce, nem envelhece, nem morre, nem
desaparece, nem renasce, e não há nada mais para além disso.’
Ao ouvir isto,
Shakyamuni imediatamente tentou corrigi-lo dizendo que nada é permanente ou
eterno, nem mesmo o reino e o poder dos deuses:
‘O estimado
Brahma Baka caiu na ignorância; ele caiu na a ignorância ao dizer que o
impermanente é permanente, que o transitório é interminável, que o que tem fim
é eterno, que o incompleto é completo, que aquilo que está sujeito a perecer
não pode perecer, que aquilo que nasce, envelhece, morre, desaparece e renasce,
nem é nascido, nem envelhece, nem morre, nem desaparece, nem renasce; e quando
há uma algo para mais além, ele diz que
não há nada para além disso.’
Então, para
impedir o Buda de contar mais verdades, o demônio Mara[3]
apossou-se de um dos membros do Cortejo de Brahma[4]
e entrou em discussão, referindo-se ao Buda com o termo “bhikkhu” (monge), como
se ele fosse um simples buscador inferior ao Brahma:
“Bhikkhu, bhikkhu, não duvide dele; pois este
é Brahma, o Grande Brahma, o Conquistador, o Não-conquistado, Onisciente,
Onipotente, Senhor, Deus e Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de todos
aqueles que são e serão.”
Esta passagem é
extremamente importante já que mostra a ilusão que Mara tenta oferecer deus
Brahma e a todos os seres – a chamada existência de um Deus Supremo cirador que governa tudo.
Também, ele menciona alguns dos títulos que as religiões monoteístas dão ao que
chamam de Deus Supremo: “Onisciente, Onipotente, Senhor, Deus e Criador,
Soberano, Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.”
Em seus
esforços para impor esta visão, ele tenta assustar os demais dizendo que antes
de Shakyamuni, haviam muitos outros “reclusos e brâmanes” que foram contra este
Deus Criador e que, após a morte, nasceram em reinos inferiores[5]
pela sua falta de fé, ao passo que outros que mantinham a fé em Brahma, alcançaram
um renascimento superior em um corpo superior[6].
Então ele diz para o Buda obedecer a Brahma e não agir contra ele:
“Portanto,
bhikkhu, eu lhe digo isso:
Estimado
senhor, faça agora tudo aquilo que Brahma diz! Nunca transgrida a palavra de
Brahma. Se você transgredir a palavra de Brahma, bhikkhu, então, você será
como um homem que tenta desviar um raio de luz com uma vara, ou como um homem que não
consegue se agarrar à terra com as mãos e os pés enquanto cai num abismo
profundo. Tenha certeza, estimado senhor, de apenas fazer aquilo que Brahma
diz; nunca transgrida a palavra de Brahma. Você não vê o Cortejo de Brahma aqui
sentado, bhikkhu?’ E Mara, o Senhor do Mal, assim convocou-me para perto do
Cortejo de Brahma.”
Mas o Buda
imediatamente reconheceu Mara sob seu disfarce de membro do Cortejo e expôs sua
farça para todos. Infelizmente, ele era o único que não havia caído sob a
influência de Mara:
“Quando
isso foi dito, eu disse para Mara, o Senhor do Mal: ‘Eu o conheço, Senhor do
Mal. Não pense: “Ele não me conhece.” Você é Mara, Senhor do Mal, e Brahma, seu
Cortejo e seus membros estão todos nas suas mãos, eles todos estão sob o seu
poder. Você, Senhor do Mal, pensa: ‘Este mundo também caiu nas minhas mãos, ele
[o Buda] também está sob o meu poder’; mas eu não caí nas suas mãos, Senhor do
Mal, eu não estou sob o seu poder!”
Então, quando o
Brahma Baka entrou novamente em discussão, ele voltou ás suas visões como mencionadas
anteriormente. Então, imbuído de orgulho, ele ameaça ao Buda, tentando submete-lo
á sua vontade.
“Bhikkhu, eu
lhe digo isto: Você não irá encontrar escapatória para além disto e no final
das contas irá colher apenas cansaço e desapontamento, mas [...] ‘se você
confiar em Brahman [Deus], você estará próximo de mim, descansará no meu
domínio, para que eu exerça a minha vontade sobre você, tornando-o simples e
humilde’”
Sem medo, o
Buda fala sobre as limitações do Brahma, provando para ele que mesmo que ele
agora tenha um grandioso poder sobre os outros e sobre uma parte do universo
(devido aos karmas anteriores), conhecendo sobre os altos e baixos deste reino,
ainda assim há partes do universo que não estão sob o seu domínio, e há deuses
(que não são iluminados e tampouco supremos) muito superiores ao Brahma.
“Eu conheço
seu destino (karma), Brahma, e conheço seu esplendor.
Até onde a rotação do sol e da lua
brilha e ilumina os quadrantes,
mais do que mil mundos,
essa é a extensão da sua soberania.
E nisso você conhece o superior e o inferior,
e aqueles com cobiça e aqueles livres de cobiça,
o estado que é assim e diferente,
o ir e vir dos seres.”
brilha e ilumina os quadrantes,
mais do que mil mundos,
essa é a extensão da sua soberania.
E nisso você conhece o superior e o inferior,
e aqueles com cobiça e aqueles livres de cobiça,
o estado que é assim e diferente,
o ir e vir dos seres.”
“Brahma, eu
compreendo o seu alcance e a sua influência com essa extensão: o Brahma Baka
possui esse tanto de poder, esse tanto de força, esse tanto de influência. Mas,
Brahma, existem três outros mundos[7], que você nem conhece
e nem vê, que eu conheço e vejo.
Então, o Buda
diz para ele que a situação atual dele é, de fato, uma involução de estados
mais altos em que ele se encontrava antes. Assim como tudo o que sobe, um
dia cai,
Baka Brahma
também caiu de estados superiores quando o bom karma que o levou para lá foi
exaurido. Infelizmente, devido a sua ignorância e poder
limitados, ele não pode lembrar-se deste passado, mas na visão ilimitada da
Iluminação que tudo alcança, o Buda pode vê-lo:
“(1) Há um
mundo, Brahma, chamado Abhassara (Mundo da Luz Suprema)[8] , do qual você caiu e
renasceu aqui. Porque você viveu aqui por muito tempo, a sua memória daquele
mundo desapareceu e assim você não sabe ou vê além, mas eu sei e vejo.. Portanto,
Brahma, com relação ao conhecimento direto, eu e você não estamos no mesmo
nível, como
então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do que você.
(2) Há um
mundo, Brahma, chamado Subhakinna (Mundo da Pureza Universal)[9] do qual você caiu e renasceu
aqui. Porque você viveu aqui por muito tempo, a sua memória daquele mundo
desapareceu e assim você não sabe ou vê além, mas eu sei e vejo. Portanto,
Brahma, com relação ao conhecimento direto, eu e você não estamos no mesmo
nível, como
então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do que você.
(3) Há um mundo, Brahma, chamado Subhakinna
Brhatphala (Mundo dos Frutos Superiores)[10] que você não sabe ou
vê além, mas eu sei e vejo. Portanto, Brahma, com relação ao conhecimento
direto, eu e você não estamos no mesmo nível, como então poderia eu saber menos? Na
verdade, eu sei mais do que você.
"Bem,
então, estimado Senhor, eu desaparecerei da sua vista'
"Bem,
então, Brahma, desapareça da minha vista se você puder.[11]”
É claro, Brahma
foi incapaz de provar sua superioridade e não pôde desaparecer da visão sem
impedimentos de Buda:
"Então,
o Brahma Baka [pensando] ‘Eu desaparecerei de vista de Gautama, o
contemplativo,' não foi capaz de desaparecer da minha vista.[12]”
Já para o Buda,
isto não foi difícil de se fazer, e então ele desapareceu da vista de Brahma e
seu Cortejo, deixando que apenas ouvissem a sua voz[13]:
“Então,
bhikkhus, realizei este feito através de um poder supra-humano de modo que o
Brahma, seus Cortejo e seus membros, podiam ouvir a minha voz mas não podiam me
ver. Depois de desaparecer eu disse:
Tendo visto o perigo,
em todos os modos de existência
e existindo
e existindo
buscando pelo não-ser,
eu não afirmo nenhum modo de existir,
nem me apego a nenhum deleite da existência.[14]
eu não afirmo nenhum modo de existir,
nem me apego a nenhum deleite da existência.[14]
Isto deixa
Brahma e seu cortejo admirados, e eles começam a reconhecer a superioridade de
Buda, mas Mara intervém rapidamente tentando convencer o Buda o ensinamento
destas ideias, e, portanto, não aceitar discípulos:
“Estimado
senhor, se é isso que você sabe, se é isso que você descobriu, não guie os seus
discípulos e renunciantes, não ensine o Dharma para os seus discípulos
renunciantes!”
Novamente, ele
tenta assustar o Buda ao dizer que estes renunciantes e buscadores espirituais
que seguiram o Buda e pregaram desta forma, renasceram em reinos inferiores[15],
enquanto aqueles que se abstiveram e mantiveram silêncio, tiveram um bom renascimento[16].
Mas então Buda revela as intenções traiçoeiras de Mara:
“Eu o
conheço, Senhor do Mal. Não pense: ‘Ele não me conhece.’ Você é Mara, Senhor do
Mal. Não é por compaixão por eles que você fala assim, é por não possuir
compaixão por eles que você fala assim. Você pensa assim, Senhor do Mal: ‘Aqueles,
para quem o contemplativo Gautama ensinar o Dharma, irão escapar da minha
influência.’”
Então, foi esta
a razão pela qual Mara tentou impedir o Buda de ensinar a não existência de um
Deus Criador, Todo Poderoso e eterno, porque este ensinamento iria livrar as
pessoas de sua influência. Neste sutra, Mara é considerado não apenas o demônio
celestial do Mundo do Deleite das Manifestações dos Outros
(Paranirmitavaśavartin), mas também como a personificação da ilusão, ignorância
e todos os obstáculos internos e externos que impedem a Iluminação. Então, de
acordo com o Buda, a crença em um Deus Supremo, criador e governante do
universo, é um erro grave e um obstáculo para a verdadeira liberdade dos ciclos
repetitivos de nascimentos e de mortes.
Em contraste
aos vários renunciantes e ou buscadores espirituais que acreditavam no eterno
Deus criador Brahma, ou aqueles que Mara exemplificou anteriormente, o Buda é
que é o verdadeiro Desperto:
“Aqueles
seus renunciantes e brâmanes, Senhor do Mal, que diziam ser perfeitamente
iluminados, não são perfeitamente iluminados. Mas eu, que reivindico ser
perfeitamente iluminado, sou perfeitamente iluminado.
[…]Senhor do Mal, o Tathagata abandonou as
impurezas que contaminam e que causam a renovação do ser/existir, que trazem
problemas, que amadurecem no sofrimento e
que conduzem ao futuro nascimento, envelhecimento e morte; ele cortou-as
pela raiz, fez como um tronco de palmeira que foi cortado , eliminando-as de
forma que não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento. Como uma palmeira,
cujo topo foi cortado, é incapaz de crescer, assim também, o Tathagata
abandonou as impurezas que contaminam, cortando-as pela raiz, fez como um tronco de palmeira
cortada eliminando-as de forma que não
estarão mais sujeitas a um futuro surgimento.”
Também há
outras passagens em que Buda Shakyamuni claramente nega a existência de um Deus
Supremo, e nos próximos artigos falarei sobre eles. Agora quero apenas insistir
mais um pouco sobre a situação descrita acima. O que vemos no sutra é um deus
poderoso que tem uma vida muito longa devido ao seu bom karma passado caindo na
ilusão de que é supremo no universo e criador e mestre do mundo. E, aquele que
o apoia em sua ilusão é o mais poderoso demônio do samsara – Mara, o Senhor do
Mal. Se colocarmos a história do Brahmanimantanika Sutra em um contexto
moderno e a relacionarmos com as religiões monoteístas de hoje, poderíamos
dizer que o Deus Supremo está sob influência de Satã, que o fez acreditar que
ele é “Onisciente, Onipotente, Senhor, Deus e Criador, Soberano, Providência
Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.”
Isto poderia
fazer com que todos aqueles que tendem a misturar o budismo com o cristianismo
ou com outras religiões monoteístas a pensar duas vezes antes de tomar
conclusões precipitadas sobre o Buda não ter negado a existência de um Deus
Supremo e criador.
É claro que há
muitos deuses poderosos governando os vários reinos do vasto samsara que podem
crer na ilusão de serem supremos e eternos, apenas como muitos humanos declaram-se supremos dentre seus povos, mas isto é apenas
uma ilusão dentre as muitas ilusões dos seres não iluminados. Na verdade, a
prosperidade, a duração da vida, poder e habilidades que temos são devidos ao
nosso karma e se modificarão de acordo com ele. Nada dura para sempre e aqueles
que estão agora em uma posição de grande força no mundo humano ou em outro
reino celestial, um dia cairão, quando o karma que os trouxe até lá for
exaurido. Então, até os deuses mais poderosos morrem. Ter fé em um deles,
especialmente naqueles que têm a ilusão de que são poderosos, pode ser benéfico
a curto prazo e pode até levar ao renascimento em reinos celestiais, se também
cultivarmos boas ações. Porém, a longo prazo, quando estes deuses e seus reinos
desaparecerem, cairemos novamente. É por isso que o Estado de Buda ou Nirvana
deveria ser o objetivo máximo da vida religiosa, porque de lá não podemos cair:
“A
iluminação de caminhos não budistas é chamado de impermanente, a
Iluminação budista é chamada de eterna.
A emancipação de caminhos não budistas é chamada de impermanente, a emancipação
dos caminhos budistas é chamada de eterna.”[17]
- Este é um fragmento do meu livro O Verdadeiro Ensinamento Sobre Buda Amida e Sua Terra Pura que está sendo traduzido para o
português -
[1] The Brahmanimantanika Sutra, que é parte do Majjhima Nikaya 49 tem um paralelo com o Madhyama Āgama (MĀ 78), que concorda com a
versão Pali sob o titulo de “Convite do Brahma ao Buda” (梵天請佛 ), e também que o Buddha está na floresta de Jeta próxima a Savatthī. A primeira parte do Brahmanimantanika
Sutra aparece como um discurso no Samyutta Nikaya e é
chamado de Sutra de Brahma Baka (S 6.4).3 Todas as três versões iniciam com Baka acreditando que
o seu reino é permanente e supremo, então o Buda, percebendo esta visão
distorcida, vai visita-lo. Aparentemente, o Brahmanimantanika
Sutra é uma extensão da narrativa do Sutra de Brahma Baka (S 6.4), ou o
último, dando apenas uma breve narrativa, é um sumário do anterior. No entanto
é mais provável que ambos os textos sejam originais. O inicio de ambos os
sutras são idênticos, mas enquanto o Brahmanimantanika Sutra acontece em
Ukkattha, o Sutra de Brahma Baka acontece em Sarvasti. Também é interessante
notar que a narrativa em Majjhima é dada em primeira
pessoa, com o próprio Buda narrando o evento, mas a narrativa em Samyutta é em
terceira pessoa. Tanto no Sutra de Brahma Baka (S 6.4) quanto na versão do MA
78 concorda-se que o Buda reside na floresta de Jeta próxima de Savatthī..
(Introdução a versão em
inglês do Brahmanimantanika Sutta por Piya Tan). As
passagens citadas neste subcapitulo são das traduções feitas
por Piya Tan, exceto quando indicado nas respectivas notas de rodapé.
[2] Bhikkhus significa “monges”.
Shakyamuni começa este sutra
(narrativa) falando diretamente aos
monges. É algo como “caros monges…".
[3] O Sutra do Nirvana lista quarto tipos de
demônios: 1) inveja, raiva e ilusão; 2) As cinco skandas, ou obstruções
causadas pelas funções mentais e físicas; 3) morte; e 4) o demônio do Mundo do Desfrute das Manifestações Alheias
(Paranirmitavaśavartin). Então, nos textos budistas a palavra “demônio” é ás
vezes usada com o significado de demônios internos, ou paixões cegas pessoais e
ilusões, mas também no sentido de um ser que existe de fato ou seres que
perturbam outros impedindo-os de alcançar a liberação dos nascimentos e mortes.
Hoje em dia há uma distorção por parte de alguns budistas modernos que pensam
em maras apenas como
demônios internos e nunca externos. No entanto, eu incentivo os meus amigos do
Dharma e leitores a não pensar nestes termos, ao invés disto, ter a mente
confiante em Buda Amida como forma de se proteger destes seres demoníacos e
poderosos.
[4] É importante notar que Mara utiliza “um certo membro
do Cortejo de Brahma” claramente como
uma fração dos membros. No entanto, Mara tomou conta de Brahma, seu Cortejo e
seus membros. (nota do tradutor da versão em inglês).
[5] “Antes da sua época, bhikkhu, houve reclusos e
brâmanes no mundo que repudiaram a terra devido ao desencantamento com a terra,
que repudiaram a água devido ao desencantamento com a água, que repidiaram
o fogo devido ao desencantamento com o fogo, que repudiaram o ar devido ao
desencantamento com o ar, que repudiaram os seres devido ao
desencantamento com os seres, que repudiaram os devas devido ao desencantamento
com os devas, que condenaram Pajapati devido ao desencantamento com Pajapati,
que repudiaram Brahma devido ao desencantamento com Brahma; e com a dissolução
do corpo, quando a vida deles foi interrompida, eles se estabeleceram em um
corpo inferior".
[6] “.Antes da sua época, bhikkhu, houve reclusos e
brâmanes no mundo que louvaram a terra devido ao deleite com a terra, que
louvaram a água devido ao deleite com água, que louvaram o fogo devido ao
deleite com o fogo, que louvaram o ar devido ao deleite com o ar, que louvaram
os seres devido ao deleite com os seres, que louvaram os devas devido ao
deleite com os devas, que louvaram Pajapati devido ao deleite com Pajapati, que
louvaram Brahma devido ao deleite com Brahma; e com a dissolução do corpo,
quando a vida deles foi interrompida, eles se estabeleceram num corpo
superior”.
[7] Estes são o Segundo Céu de Dhyana, o Terceiro Céu
de Dhyana e o Quarto Céu de Dhyana no Mundo das Formas, com seus respectivos
reinos e seres. Estão situados acima do Primeiro Céu de Dhyana com seus três
reinos, que o único governado por Brahma Baka.
[11] "Brahma-nimantanika Sutta: The Brahma
Invitation" (MN 49),
traduzido do Pali por Thanissaro Bhikkhu. Access to Insight (Legacy
Edition), 17 de Dezembro 2013, http://www.accesstoinsight.org/tipitaka/mn/mn.049.than.html
[12] "Brahma-nimantanika Sutta: The Brahma
Invitation" (MN 49),
traduzido do Pali por Thanissaro Bhikkhu. Access to Insight (Legacy
Edition), 17de Dezembro, 2013, http://www.accesstoinsight.org/tipitaka/mn/mn.049.than.html
[14] “Em outras palavras, o
ato da busca pelo não ser — ou aniquilação — também é um modo de vir a ser.
Embora o caminho budista tenha como objetivo a cessação do ser (bhava), ele não
tenta esta cessação por meio da aniquilação do processo do vir a ser. Ao invés
disso, o foco é no que já veio a ser (bhuta),desenvolvendo o não desejo pelo
que veio a ser e pelas causas do que veio a ser. Sem nenhuma paixão, não há
apego ás causas do que veio a ser e através
do não apego, vem a liberação."
Nota de rodapé 10, do "Brahma-nimantanika Sutta: The Brahma
Invitation" (MN 49), traduzido do Pali por Thanissaro Bhikkhu. Access
to Insight (Legacy Edition), 17 de Dezembro 2013, http://www.accesstoinsight.org/tipitaka/mn/mn.049.than.html
[15] “Antes do seu tempo,bhikkhu, haviam reclusos e
brâmanes no mundo que se diziam completamente despertos e que guiavam seus
discípulos. Eles ensinavam o Dharma aos seus discipulos e renunciantes e
desejavam ter discípulos e renunciantes.
E quando seus corpos pereceram após o último suspiro, eles se estabeleceram em
corpos inferiores.”
[16] “Antes do seu tempo,bhikkhu,
haviam reclusos e brâmanes no mundo que se diziam completamente despertos e que
não guiavam seus discípulos. Eles não ensinavam o Dharma aos seus discipulos e
renunciantes e não desejavam ter discípulos e renunciantes. E quando seus
corpos pereceram após o último suspiro, eles se estabeleceram em corpos
superiores.”
Então,
bhikkhu, eu lhe digo isso. Estimado senhor, viva sem preocupações, devotando-se
ao aqui e agora. É melhor deixar por isso mesmo, sem aconselhar ninguém!’”
[17] Passagem do Sutra do Nirvana, citada
por Shinran Shonin no seu Kyogyoshinsho, chapter V. The Collected
Works of Shinran, Shin Buddhism Translation Series, Jodo Shinshu
Hongwanji-ha, Kyoto ,
1997, p.505.p.182
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