Tuesday, December 8, 2015

O desejo de tornar-se um Buda – a questão mais importante

O objetivo do budismo é tornar-se um Buda: não para pintar a vida em cores diferentes, não para tornar-se mais inteligente ou mais interessante, mas para tornar-se um verdadeiro Buda iluminado.
O caminho budista não é um método de relaxamento ou um remédio para dor de cabeça. Em outras palavras não é algo como: “Como podemos nos tornar pessoas mais felizes e calmas” ou uma receita para felicidade momentânea, mas sim um caminho para o estado Búdico ou liberdade completa para nós e eventualmente para todos os seres.

É vital para aqueles que entram no caminho budista, ter a aspiração de tornar-se um Buda. Sem esta aspiração não há verdadeiro budismo. Se não quisermos ou não sentirmos urgência em nos tornarmos livres dos muitos sofrimentos de nascimentos repetidos, então o budismo será para nós apenas um objeto de estudo, uma interessante discussão mitológica ou um deleite intelectual.
Existem, por assim dizer, duas visões que uma pessoa pode ter a respeito de si mesmo e do mundo: uma é a visão comum, dependendo da sua educação cultural ou preocupações diárias. A outra é a visão Dharmica.


A primeira visão representa o que é considerado normal em várias épocas, contendo explicações limitadas do mundo e sem interesse no sentido da existência humana ou algo que vá além do aqui e agora. O utilitarismo imediato é fundamental na visão não-Dharmica do mundo.

Por outro lado, a visão Dharmica compreende o mundo e a vida pessoal através do ensinamento budista (Dharma), em que, por exemplo, tudo é explicado em termos de impermanência e lei do karma. Além disso, o que é realmente importante possui uma definição diferente da utilidade imediata e a necessidade de liberdade é especialmente enfatizada.

Ao ler, ouvir e refletir sobre as explicações e a luz que o Dharma projeta no mundo e na existência humana, é possível entender porque é necessário tornar-se um Buda.

Ao se engajar mais e mais no estudo do Dharma, você alcança um ponto em que recebe o que chamamos de visão Dharmica ou “Olho do Dharma”. Então, muitas daquelas construções mentais que você julgava sólidas e indestrutíveis irão cair por terra: o mundo começará a esvaziar-se das falsas cores que foram projetadas sobre ele e tomadas como realidade verdadeira.

Seguir o caminho budista com a aspiração de tornar-se um Buda e tendo a visão Dharmica ao seu lado, você se torna mais íntimo com o próprio karma, ou seja, você começa a conhecer-se melhor, especialmente no que diz respeito ás suas limitações espirituais.

Este estágio – a consciência das suas limitações espirituais em comparação com o esforço em tornar-se um Buda – é extremamente importante e muito enfatizado no Jodo Shinshu.

Desejar tornar-se um Buda é fundamental, mas esta aspiração permanece apenas um desejo inalcançável como muitos outros se as suas capacidades pessoais não conseguem leva-lo a atingir este propósito. Não é necessário tornar-se um santo ou uma pessoa especial para aspirar tornar-se um Buda, mas ter sucesso em atingir o Estado de Buda irá demandar esforço e qualidades espirituais infinitamente maiores do que as suas capacidades comuns.

Então, no momento em que você percebe não apenas que você não consegue, mas que é impossível atingir este estado através do seu próprio poder, você está pronto para ouvir a mensagem do Voto Original de Buda.

Esta mensagem não é sofisticada ou difícil de entender, sua única desvantagem é que poucos budistas que são ótimos e cheios de si são realmente capazes de reconhecer suas limitações e incapacidades de tornar-se um Buda através do próprio esforço.  De modo simples, quem está pronto para reconhecer-se completamente destituído de poder.

É muito importante entender que o Jodo Shinshu não requer que as pessoas se considerem incapazes nas suas atividades diárias, mas apenas no que diz respeito em atingir a Suprema Liberação.
Tornar-se um Buda não é a mesma coisa que ser um bom eletricista, pessoa de negócios ou qualquer coisa que você seja na sua vida particular. São duas coisas diferentes.

Andar pelo caminho da liberdade do nascimento e da morte não é um hobby ou um tema cultural interessante, mas a única atividade significativa em nossas vidas. Significa escapar dos sofrimentos infindáveis dos nascimentos e mortes. Se isso é importante para você, então você é sem dúvida um discípulo de Buda.



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