O objetivo do budismo é tornar-se um Buda: não
para pintar a vida em cores diferentes, não para tornar-se mais inteligente ou
mais interessante, mas para tornar-se um verdadeiro Buda iluminado.
O caminho budista não é um método de relaxamento
ou um remédio para dor de cabeça. Em outras palavras não é algo como: “Como
podemos nos tornar pessoas mais felizes e calmas” ou uma receita para
felicidade momentânea, mas sim um caminho para o estado Búdico ou liberdade
completa para nós e eventualmente para todos os seres.
É vital para aqueles que entram no caminho
budista, ter a aspiração de tornar-se um Buda. Sem esta aspiração não há
verdadeiro budismo. Se não quisermos ou não sentirmos urgência em nos tornarmos
livres dos muitos sofrimentos de nascimentos repetidos, então o budismo será
para nós apenas um objeto de estudo, uma interessante discussão mitológica ou
um deleite intelectual.
Existem, por assim dizer, duas visões que uma
pessoa pode ter a respeito de si mesmo e do mundo: uma é a visão comum,
dependendo da sua educação cultural ou preocupações diárias. A outra é a visão
Dharmica.
A primeira visão representa o que é considerado
normal em várias épocas, contendo explicações limitadas do mundo e sem
interesse no sentido da existência humana ou algo que vá além do aqui e agora.
O utilitarismo imediato é fundamental na visão não-Dharmica do mundo.
Por outro lado, a visão Dharmica compreende o
mundo e a vida pessoal através do ensinamento budista (Dharma), em que, por
exemplo, tudo é explicado em termos de impermanência e lei do karma. Além
disso, o que é realmente importante possui uma definição diferente da utilidade
imediata e a necessidade de liberdade é especialmente enfatizada.
Ao ler, ouvir e refletir sobre as explicações e
a luz que o Dharma projeta no mundo e na existência humana, é possível entender
porque é necessário tornar-se um Buda.
Ao se engajar mais e mais no estudo do Dharma,
você alcança um ponto em que recebe o que chamamos de visão Dharmica ou “Olho
do Dharma”. Então, muitas daquelas construções mentais que você julgava sólidas
e indestrutíveis irão cair por terra: o mundo começará a esvaziar-se das falsas
cores que foram projetadas sobre ele e tomadas como realidade verdadeira.
Seguir o caminho budista com a aspiração de
tornar-se um Buda e tendo a visão Dharmica ao seu lado, você se torna mais
íntimo com o próprio karma, ou seja, você começa a conhecer-se melhor,
especialmente no que diz respeito ás suas limitações espirituais.
Este estágio – a consciência das suas limitações
espirituais em comparação com o esforço em tornar-se um Buda – é extremamente
importante e muito enfatizado no Jodo Shinshu.
Desejar tornar-se um Buda é fundamental, mas
esta aspiração permanece apenas um desejo inalcançável como muitos outros se as
suas capacidades pessoais não conseguem leva-lo a atingir este propósito. Não é
necessário tornar-se um santo ou uma pessoa especial para aspirar tornar-se um
Buda, mas ter sucesso em atingir o Estado de Buda irá demandar esforço e
qualidades espirituais infinitamente maiores do que as suas capacidades comuns.
Então, no momento em que você percebe não apenas
que você não consegue, mas que é impossível atingir este estado através do seu
próprio poder, você está pronto para ouvir a mensagem do Voto Original de Buda.
Esta mensagem não é sofisticada ou difícil de
entender, sua única desvantagem é que poucos budistas que são ótimos e cheios
de si são realmente capazes de reconhecer suas limitações e incapacidades de
tornar-se um Buda através do próprio esforço.
De modo simples, quem está pronto para reconhecer-se completamente destituído
de poder.
É muito importante entender que o Jodo Shinshu não
requer que as pessoas se considerem incapazes nas suas atividades diárias, mas
apenas no que diz respeito em atingir a Suprema Liberação.
Tornar-se um Buda não é a mesma coisa que ser um
bom eletricista, pessoa de negócios ou qualquer coisa que você seja na sua vida
particular. São duas coisas diferentes.
Andar pelo caminho da liberdade do nascimento e
da morte não é um hobby ou um tema cultural interessante, mas a única atividade
significativa em nossas vidas. Significa escapar dos sofrimentos infindáveis dos
nascimentos e mortes. Se isso é importante para você, então você é sem dúvida
um discípulo de Buda.
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