Eu
mesmo não consigo encontrar qualquer satisfação com ensinamentos budistas e
práticas que não prometem um escape rápido do nascimento e da morte, é por isso
que confio em Buda Amida, porque estou com pressa para tornar-me um Buda.
Eu sei
que alguns praticantes virtuosos podem interpretar minha pressa como preguiça
em questões espirituais ou como falta de paciência. Eu não nego coisa alguma,
mas quando eu contemplo profundamente a chance rara de nascer como humano e
como é fácil cair novamente nos reinos inferiores, ou quando eu vejo que mesmo
nesta vida, pensamentos parecidos com aqueles de animais, espíritos famélicos
ou criaturas infernais aparecem na minha mente e na mente dos outros, eu penso
que não quero assumir nenhum risco de cair e quero tornar-me um Buda de uma
vez.
Ter
paciência em qualquer caminho espiritual em que o poder pessoal seja importante
não é uma virtude, mas uma ilusão. Isto significa não estar consciente da sua
própria incapacidade e da incapacidade de outros seres vivendo na última era do
Dharma e não compreender o que é ser livre ou ser um Buda. É não estar
consciente das energia kármicas subconscientes que vêm de um passado distante,
desde aeons tomando o veneno da ignorância e das más ações. É não perceber a
fragilidade da vida e a possibilidade da morte chegar a qualquer momento e
pega-lo despreparado, sem ter ainda entrado em um estágio de não-retrocesso.
Que
paciência eu devo ter quando sou confrontado com estes perigos? Qual paciência
posso ter comigo mesmo quando contemplo a maldade deste mundo e minha própria
escuridão interior?
Quando
eu vejo o estado mental dos meus amigos próximos que não leem nem um único
livro budista, sem falar que não praticam nada, sem saber que há um caminho
para escapar dos nascimentos e das mortes, sem sequer desejar escapar... quando
eu me pergunto para onde estas pessoas irão após a morte e quando eu me
preocupo comigo mesmo caminhando pelo samsara ainda não-iluminado e não-livre,
incapaz de ajuda-los ou ajudar a mim mesmo, como posso ter paciência?
Eu me
pergunto: para onde irão meus pais ou minha namorada após a morte? Onde estão
meus avós agora? O que eu posso fazer por eles? Para onde meus amigos animais
irão, levados pelo poder do seus karmas? Para onde meu cachorro Rocky irá, que é perdido até mesmo nesta vida? Estas são
perguntas muito importantes para mim...
Tenho
certeza, caro leitor, que se você ama seus filhos, esposa, marido, pais, avós,
amigos, etc; você também se faz estas
perguntas. Mas como você pode ajuda-los a receber a verdadeira liberdade dos
nascimentos e das mortse se você não tornar-se um Buda que possui infinitas
capacidades e sabedoria?
Sem
dúvida não apenas para você, mas também para outros seres, você deve seguir um
caminho budista.
Então, você
pode se dar ao luxo de não ter certeza sobre a sua Iluminação, você pode se dar
ao luxo de esperar durante muitas vidas até que um dia, quem sabe quando, você
alcance alguma coisa? Você pode se dar ao luxo de perder novamente para sempre
as pessoas que você ama? O que é mais importante, o suporte que você dá para
eles nesta vida, que devido a sua própria ignorância, você não tem como saber o
que é bom ou ruim para eles, útil ou não, ou o presente da liberdade do
sofrimento dos repetidos nascimentos e mortes?
Como
você pode ajudar aos outros se você não se tornar um Buda e como você pode
tornar-se um Buda confiando em si mesmo? Esta é a pergunta mais importante. Se
você não alcançou o estado de Buda até agora, quando você acha que irá
alcançar?
Por
favor, acorde do sonho da auto satisfação! O ego não pode ultrapassar a si
mesmo por método algum. Há muitas falsas sensações espirituais e muitos falsos
nirvanas quando você confia no seu poder próprio e o tempo sempre parece o
suficiente para alcançar o quer que seja material ou espiritualmente. Se você
não sente a urgência e você é paciente no que diz respeito aos nascimentos e as
mortes, então a cada dia em que você não se torna um Buda é o dia em que você
poderá morrer, e morrer sem se iluminar e sem se libertar é uma das coisas mais
perigosas que poderia lhe acontecer.
Mara, o
demônio celestial, gosta de brincar com as mentes dos praticantes virtuosos e
frequentemente sussurra nos seus ouvidos: “não tenha medo, você terá tempo o
suficiente, seja paciente, acredite em si mesmo e faça mais um esforço... veja,
você está quase lá! Pense em quantas experiências espirituais você teve nesta
semana.” Até que um dia, a morte chega rápida e inesperadamente como uma ladra
e você morre como a mesma pessoa, talvez um pouquinho melhor, como uma gotinha
d’ água em um oceano de veneno e ilusão, mas ainda assim não iluminada e não
liberta, incapaz de fazer algo por si mesmo ou pelos outros.
Neste
cenário, Mara iria sorrir satisfeito: “Como eu adoro estes praticantes
virtuosos!”
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