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Sunday, February 28, 2016

As justificativas da "Mente Ocidental” para distorcer o Dharma de Amida


Buda Amida aguardando compassivamente que os
monges iludidos entreguem suas "mentes ocidentais"
para Ele
“Mesmo se um fogo enorme se alastrasse pelo universo de milhares de mundos, você deveria passar por ele para ouvir este Sutra e acordar a fé jubilosa, segui-la, recita-la e pratica-la de acordo com os ensinamentos”

(Buda Shakyamuni, Sutra Maior de Buda Amida)

Aposto que todos vocês já ouviram este slogan que é muito utilizado em muitos templos americanos, europeus e asiáticos: “Devemos adaptar o Jodo Shinshu ao ocidente” ou “á mente ocidental”... Todas as vezes que eu escuto isto, eu penso “Ah não, de novo não”...
Então vou começar dizendo logo no início deste artigo que NÃO existe “mente ocidental”ou “mente asiática” na qual possamos adaptar o Dharma de Amida, existe apenas mente aberta e mente fechada, uma mente de fé e uma mente com dúvidas. Alguns simplesmente aceitam os ensinamentos de Buda Shakyamuni enquanto outros não aceitam. Esta coisa de “mente ocidental” é uma ilusão e uma justificativa para esconder a falta de fé (shinjin) e uma justificativa daqueles que se autoentitulam como budistas “progressistas” e “modernos” para modificar o Dharma de Amida Quero dizer, leiam a história de Buda Amida como contada por Shakyamuni, leiam as cartas de Rennyo ou algumas das instruções simples do Tannisho ou Mattosho. O que é tão dificil de entender? Ou, talvez... a dificuldade talvez não  seja compreensão intelectual mas a aceitação dos ensinamentos e explicaçõs da fé...


Por quê não ser honestos conosco e com os demais? A dúvida não tem a ver com ocidente ou oriente, a dúvida é simplesmente não acreditar ou aceitar que certo ensinamento tal como foi ensinado pelo seu Fundador, quem quer que ele seja. Há pessoas no ocidente e no oriente que duvidam da existência de Amida como ser vivente e transcendental e que ignoram o Voto Original, assim como há aqueles que acreditam nele. Eu não vivo no ocidente mas aceito a existência de Buda Amida, confio o meu destino kármico a ele e desejo nascer na sua Terra Pura após a morte.

Então, vamos dar nome aos bois. Alguns monges viveno no “ocidente” não são nada mais do que materialistas espirituais, não aceitam nada que não se possa ver  a olhos nus como os Budas transcedentais e seus reinos ou o pós-morte, mas ainda assim querer aderir a algum tipo de ideologia espiritual para que se sintam mais confortáveis no “aqui e agora”, então escolhem o que gostam do Dharma de Buda e descartam o que não gostam, chamando de “budismo folclórico” ou “budismo sobrenatural”, etc. No entanto, ignoram o fato que, durante o tempo de Shalyamuni, havia escolas de pensamento no subcontinente indiano que também abraçavam interpretações materialistas do mundo, negando a existencia de figuras transcendentais divinas ou a ideia de vida após a morte. Estas pessoas não eram ocidentais, eram? De fato, em todos os tempos e lugares, e em todas as religiões, existiram pessoas que duvidavam de suas verdades espirituais ou as aceitavam. Duvidar e confiar são atitudes humanas universais que estão presentes tanto no ocidente quanto no oriente.

Se formos honestos em relação á nós mesmos, admitiremos que o verdadeiro objetivo do slogan: “adaptação á mente ocidental” na verdade quer dizer adaptação á mente de alguns monges que vivem no ocidente. Esta chamada “adaptação” é, em si mesma, uma negação do Dharma de Amida porque ninguém pode adaptar a verdade da existência de Buda Amida á uma mente que o nega. Ninguém pode adaptar a vida após a morte á mente de alguém que nega a vida após a morte.

Então, o que realmente se quer dizer com “adaptar” é, de fato,  modificar e alterar o conteúdo do Dharma de Amida. Estas pessoas utilizam o Dharma como algum tipo de objeto pessoal ou mobilia vintage, que pode ser cortada e remodelada de modo a caber nos quartos de suas mentes.

Eu passo muito tempo conversando sobre assutos relacionados ao Dharma com pessoas de países ocidentais e orientais e percebo as diferenças culturais, como a maneira que comemos, namoramos, cozinhamos, cumprimentamos e discutimos sobre assuntos mundanos, etc. Mas nunca vi diferenças em relação á fé ou ás dúvidas. Com certeza há elementos culturais asiáticos no modo como meus amigos do Dharma de Kyoto ou ouros lugares, organizam o interior dos templos ou como utilizam os ítens religiosos. Eu não tenho problema com aqueles ocidentais que sentem-se desconfortáveis com estes ítens, já que eu  também não utilizo elementos japoneses no meu templo ou no dojo e também não copio costumes da cultura oriental , mas a essência do Dharma de Amida que nós e os orientais aprendemos é o meso e o objeto da nossa fé – Buda Amida – também é o mesmo.
Por exemplo quando escuto um de meus amigos japoneses referindo-se a Amida como“Oyasama” (pai), lembro-me da universalidade da paternidade e acho que não há ninguém que não compreenda  o amor dos pais para um filho. Então podemos descrever Amida assim, como pai. Também não existe ninguém que desconheça a diferença entre seres reais e ficticios ou mitológicos, então podemos dizer que Amida está vivo e Iluminado e que nos ama como um pai, estando sempre lá para nos salvar. Não há ninguém que não consiga compreender sofrimento, doença, velhice, morte e impermanência e que não consiga perceber as limitações de suas práticas espirituais, preferindo confiar no Poder de Amida a confiar no poder próprio.

Então, por favor, caros reverendos “ocidentais”, parem de esconder suas dúvidas por trás das máscaras confortáveis da “mente ocidental”, e, mais importante, parem de dizer isso aos outros! Todos podem entender a fé simples da salvação de Buda Amida. Todos, exceto vocês! Sem dúvida, dentre todas as pessoas nascidas no ocidente, vocês são aqueles que não compreendem o Dharma de Amida. Por quê? Porque mesmo quando vocês lêem ou ouvem o Dharma, tudo o que escutam é o barulho de suas mentes.




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