Buda Amida aguardando compassivamente que os
monges iludidos entreguem suas "mentes ocidentais"
para Ele
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“Mesmo se um fogo enorme se alastrasse pelo universo de milhares de
mundos, você deveria passar por ele para ouvir este Sutra e acordar a fé
jubilosa, segui-la, recita-la e pratica-la de acordo com os ensinamentos”
(Buda Shakyamuni,
Sutra Maior de Buda Amida)
Aposto que todos vocês já ouviram
este slogan que é muito utilizado em muitos templos americanos, europeus e
asiáticos: “Devemos adaptar o Jodo Shinshu ao ocidente” ou “á mente ocidental”... Todas as vezes que eu escuto isto,
eu penso “Ah não, de novo não”...
Então vou começar dizendo logo no
início deste artigo que NÃO existe “mente ocidental”ou “mente asiática” na qual
possamos adaptar o Dharma de Amida, existe apenas mente aberta e mente fechada,
uma mente de fé e uma mente com dúvidas. Alguns simplesmente aceitam os
ensinamentos de Buda Shakyamuni enquanto outros não aceitam. Esta coisa de “mente
ocidental” é uma ilusão e uma justificativa para esconder a falta de fé
(shinjin) e uma justificativa daqueles que se autoentitulam como budistas “progressistas” e “modernos” para modificar o Dharma de Amida Quero dizer, leiam a história de
Buda Amida como contada por Shakyamuni, leiam as cartas de Rennyo ou algumas
das instruções simples do Tannisho ou Mattosho. O que é tão dificil de
entender? Ou, talvez... a dificuldade talvez não seja compreensão intelectual mas a aceitação
dos ensinamentos e explicaçõs da fé...
Por quê não ser honestos conosco
e com os demais? A dúvida não tem a ver com ocidente ou oriente, a dúvida é
simplesmente não acreditar ou aceitar que certo ensinamento tal como foi
ensinado pelo seu Fundador, quem quer que ele seja. Há pessoas no ocidente e no
oriente que duvidam da existência de Amida como ser vivente e transcendental e
que ignoram o Voto Original, assim como há aqueles que acreditam nele. Eu não
vivo no ocidente mas aceito a existência de Buda Amida, confio o meu destino
kármico a ele e desejo nascer na sua Terra Pura após a morte.
Então, vamos dar nome aos bois.
Alguns monges viveno no “ocidente” não são nada mais do que materialistas
espirituais, não aceitam nada que não se possa ver a olhos nus como os Budas transcedentais e
seus reinos ou o pós-morte, mas ainda assim querer aderir a algum tipo de ideologia
espiritual para que se sintam mais confortáveis no “aqui e agora”, então
escolhem o que gostam do Dharma de Buda e descartam o que não gostam, chamando
de “budismo folclórico” ou “budismo sobrenatural”, etc. No entanto, ignoram o
fato que, durante o tempo de Shalyamuni, havia escolas de pensamento no
subcontinente indiano que também abraçavam interpretações materialistas do
mundo, negando a existencia de figuras transcendentais divinas ou a ideia de
vida após a morte. Estas pessoas não eram ocidentais, eram? De fato, em todos
os tempos e lugares, e em todas as religiões, existiram pessoas que duvidavam
de suas verdades espirituais ou as aceitavam. Duvidar e confiar são atitudes
humanas universais que estão presentes tanto no ocidente quanto no oriente.
Se formos honestos em relação á
nós mesmos, admitiremos que o verdadeiro objetivo do slogan: “adaptação á mente
ocidental” na verdade quer dizer adaptação á mente de alguns monges que vivem
no ocidente. Esta chamada “adaptação” é, em si mesma, uma negação do Dharma de Amida porque ninguém pode adaptar a verdade da existência de Buda Amida á uma
mente que o nega. Ninguém pode adaptar a vida após a morte á mente de alguém
que nega a vida após a morte.
Então, o que realmente se quer
dizer com “adaptar” é, de fato,
modificar e alterar o conteúdo do Dharma de Amida. Estas pessoas
utilizam o Dharma como algum tipo de objeto pessoal ou mobilia vintage, que
pode ser cortada e remodelada de modo a caber nos quartos de suas mentes.
Eu passo muito tempo conversando
sobre assutos relacionados ao Dharma com pessoas de países ocidentais e
orientais e percebo as diferenças culturais, como a maneira que comemos,
namoramos, cozinhamos, cumprimentamos e discutimos sobre assuntos mundanos,
etc. Mas nunca vi diferenças em relação á fé ou ás dúvidas. Com certeza há
elementos culturais asiáticos no modo como meus amigos do Dharma de Kyoto ou
ouros lugares, organizam o interior dos templos ou como utilizam os ítens
religiosos. Eu não tenho problema com aqueles ocidentais que sentem-se
desconfortáveis com estes ítens, já que eu
também não utilizo elementos japoneses no meu templo ou no dojo e também
não copio costumes da cultura oriental , mas a essência do Dharma de Amida que
nós e os orientais aprendemos é o meso e o objeto da nossa fé – Buda Amida –
também é o mesmo.
Por exemplo quando escuto um de
meus amigos japoneses referindo-se a Amida como“Oyasama” (pai), lembro-me da
universalidade da paternidade e acho que não há ninguém que não compreenda o amor dos pais para um filho. Então podemos
descrever Amida assim, como pai. Também não existe ninguém que desconheça a
diferença entre seres reais e ficticios ou mitológicos, então podemos dizer que
Amida está vivo e Iluminado e que nos ama como um pai, estando sempre lá para
nos salvar. Não há ninguém que não consiga compreender sofrimento, doença,
velhice, morte e impermanência e que não consiga perceber as limitações de suas
práticas espirituais, preferindo confiar no Poder de Amida a confiar no poder
próprio.
Então, por favor, caros
reverendos “ocidentais”, parem de esconder suas dúvidas por trás das máscaras
confortáveis da “mente ocidental”, e, mais importante, parem de dizer isso aos
outros! Todos podem entender a fé simples da salvação de Buda Amida. Todos,
exceto vocês! Sem dúvida, dentre todas as pessoas nascidas no ocidente, vocês
são aqueles que não compreendem o Dharma de Amida. Por quê? Porque mesmo quando
vocês lêem ou ouvem o Dharma, tudo o que escutam é o barulho de suas mentes.
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